sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

"Desde os primórdios, a concepção europeia do novo continente teve duas facetas, completamente opostas: por um lado, a terra era vista quase sempre como um éden; por outro, o homem aparecia demonizado. " Aqui está a origem do ufanismo e patriotismo fajuto de nossa elite, sempre a exaltar as belezas naturais do país (Brasil, ame-o ou deixe-o, ninguém segura esse país, Deus é brasileiro, terra abençoada por Deus...), ao mesmo tempo que despreza e odeia a população desse mesmo país por ser descendente de "bárbaros" indígenas e negros (Esse país não tem jeito, eita povinho ruim, é só aqui que esse tipo de coisa acontece, o que estraga o Brasil é esse povinho que mora aqui...)

http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/um_paraiso_chamado_brasil.html
Um pouco da história da Estrutural, aquela do filme "meu amigo Nietzsche":

"Na época, o cenário era semelhante ao de um campo de concentração nazista, como lembra o advogado. A cidade foi cercada. Ninguém entrava ou saía livremente. Não havia água, luz, telefone, gás.
A alimentação era restrita, inclusive, o leite das crianças, como conta um morador. As pessoas não podiam levar móveis ou utensílios de casa, além de serem presas em jaulas. À noite, pedidos de socorro, gritos e tiros eram a trilha sonora."

http://site.jornalregional.com.br/index2.php?option=noticia&value=5320
É o que descobri cerca de 3 meses atrás, depois de passar uma vida inteira enganado pelo eurocentrismo e racismo. Pouco sei ainda, mas já é o suficiente, diante de uma sociedade tão racista como a nossa, para ser enquadrado na lei de segurança nacional da ditadura, que ainda vigora intacta no país.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/11/descendentes-precisam-saber-que-historia-da-africa-e-tao-bonita-quanto-a-da-grecia.html
"Art. 16 - Integrar ou manter associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça.
Pena: reclusão, de 1 a 5 anos.
Art. 17 - Tentar mudar, com emprego de violência ou grave ameaça, a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito.
Pena: reclusão, de 3 a 15 anos.
Parágrafo único.- Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade; se resulta morte, aumenta-se até o dobro. [...]
Art. 22 - Fazer, em público, propaganda:
I - de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social;
II - de discriminação racial, de luta pela violência entre as classes sociais, de perseguição religiosa;
III - de guerra;
IV - de qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Pena: detenção, de 1 a 4 anos.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço quando a propaganda for feita em local de trabalho ou por meio de rádio ou televisão.
§ 2º - Sujeita-se à mesma pena quem distribui ou redistribui:
a) fundos destinados a realizar a propaganda de que trata este artigo;
b) ostensiva ou clandestinamente boletins ou panfletos contendo a mesma propaganda."

Lei de segurança nacional.

A pergunta que não quer calar: Por que é que ainda não prenderam o pessoal acampado no congresso, do mídia sem máscara, o revoltados online, o Lobão, o Bolsonaro, seus filhos, o Olavo de Carvalho, o padre Paulo Ricardo e a restante escumalha que violam cotidianamente esta lei ao defender um golpe militar e o derrube do estado de direito, lei está que ainda está em vigor, ironicamente aprovada por eles mesmo em 83? Para bom entendedor, meia palavra basta.
"A mentalidade católica acredita que a mulher é a grande pecadora, a fonte de pecado desde Eva. Tinha que associar um pouco a figura feminina a Exu. A pombagira acabou sendo a representação mais explícita da sexualidade proibida, perigosa e ao mesmo tempo muito desejada por todos. É uma grande construção cultural e ponto de conflito e perseguição na oposição das religiões evangélicas. São sempre figuras de bordel, associadas a vida desregrada."

http://ceticismo.net/2009/02/04/a-intolerancia-contra-o-candomble-a-raiz-do-racismo-no-brasil/
“Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe. Mas ele observará e terá olhos abertos para tudo quanto realmente sucede no mundo; por isso não pode atrelar o coração com muita firmeza a nada em particular; nele deve existir algo de errante, que tenha alegria na mudança e na passagem. Sem dúvida esse homem conhecerá noites ruins, em que estará cansado e encontrará fechado o portão da cidade que lhe deveria oferecer repouso; além disso, talvez o deserto, como no Oriente, chegue até o portão, animais de rapina uivem ao longe e também perto, um vento forte se levante, bandidos lhe roubem os animais de carga. Sentirá então cair a noite terrível, como um segundo deserto sobre o deserto, e o seu coração se cansará de andar. Quando surgir então para ele o sol matinal, ardente como uma divindade da ira, quando para ele se abrir a cidade, verá talvez, nos rostos que nela vivem, ainda mais deserto, sujeira, ilusão, insegurança do que no outro lado do portão e o dia será quase pior do que a noite. Isso bem pode acontecer ao andarilho; mas depois virão, como recompensa, as venturosas manhãs de outras paragens e outros dias, quando já no alvorecer verá, na neblina dos montes, os bandos de musas passarem dançando ao seu lado, quando mais tarde, no equilíbrio de sua alma matutina, em quieto passeio entre as árvores, das copas e das folhagens lhe cairão somente coisas boas e claras, presentes daqueles espíritos livres que estão em casa na montanha, na floresta, na solidão, e que, como ele, em sua maneira ora feliz ora meditativa, são andarilhos e filósofos. Nascidos dos mistérios da alvorada, eles ponderam como é possível que o dia, entre o décimo e o décimo segundo toque do sino, tenha um semblante assim puro, assim tão luminoso, tão sereno-transfigurado: – eles buscam a filosofia da manhã.”

Friedrich Nietzsche, Aforismo 638, “Humano, Demasiado Humano” (1878).
Agora está claro porque favelas aqui no DF são chamadas pelos playboys do Plano Piloto de "invasões": a cidade não foi feita para nós, o povo brasileiro, logo somos "invasores" de algo que nunca nos pertenceu:
"Neste sentido deve-se impedir a enquistação de favelas tanto na periferia urbana quanto na rural."

Lúcio Costa, Relatório do Plano Piloto de Brasília.
"O mito da democracia racial apoiava-se, e ainda se apóia, na generalização de casos de ascensão social do mulato; este, nas palavras de Carl Degler, encontrara uma "saída de emergência", o que significa dizer que se desenvolveu um reconhecimento social do mestiço no Brasil. Todavia, a assimilação e reconhecimento social do mestiço ocorria à custa da depreciação dos negros. O que está por trás deste mecanismo brasileiro de ascensão social é a concordância da pessoa negra em negar sua ancestralidade africana, posto que está socialmente carregada de significado negativo. Ironicamente, dentro deste contexto da "saída de emergência", os casos de ascensão social de pessoas de cor não enriqueciam o grupo social dos negros, uma vez que as pessoas de cor que ascendiam eram encaradas como "negros de alma branca" (Fernandes, 1965)."
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-546X2002000200002
Como? Já agora não sabe porque é que o professor no Brasil tem o mesmo status de duas mãos cheias de nada? Não sabe porque é que ele é insultado e chamado de ptralha-comunista-esquerdopata no Facebook quando cai no "erro" de corrigir alguma diarreia mental tipo "direitos humanos para humanos direitos" que por acaso pipocou em sua timeline, e é insultado por aqueles mesmos que foram lá cantar que ", não quero copa não, quero dinheiro pra saúde e educação" nos protestos de 2013? Não sabe porque é que aquele PM do rio virou heroi nacional por ter quebrado o cassetete nas costas de um professor ("foi mal fessor")? Não sabe porque é que a Veja e sua escumalha de leitores exultaram de alegria quando 200 professores no Paraná foram parar no hospital? Ora, não seja tolo: vá numa escola pública qualquer e veja que a imensa maioria dos professores são mulheres. Qual é o tratamento que uma profissão tradicionalmente feminina terá num país que bate no peito e se orgulhar de matar 15 mulheres por dia por qualquer coisa?
"LEI CONTRA O CRISTIANISMO
Datada do dia da Salvação: primeiro dia do ano Um (em 30 de Setembro de 1888, pelo falso calendário).
Guerra de morte contra o vício: o vício é o cristianismo.
Artigo Primeiro – Qualquer espécie de antinatureza é vício. O tipo de homem mais vicioso é o padre: ele ensina a antinatureza. Contra o padre não há razões: há cadeia.
Artigo Segundo – Qualquer tipo de colaboração com um ofício divino é um atentado contra a moral pública. Seremos mais duros com protestantes que com católicos, e mais duros com os protestantes liberais que com os ortodoxos. Quanto mais próximo você está da ciência, maior o crime de ser cristão. Conseqüentemente, o maior dos criminosos é filósofo.
Artigo Terceiro – O local amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco deve ser demolido e transformado no lugar mais infame da Terra, constituirá motivo de pavor para a posteridade. Lá devem ser criadas cobras venenosas.
Artigo Quarto – Pregar a castidade é uma incitação pública à antinatureza. Qualquer desprezo à vida sexual, qualquer tentativa de maculá-la através do conceito de “impureza” é o maior pecado contra o Espírito Santo da Vida.
Artigo Quinto – Comer na mesma mesa que um padre é proibido: quem o fizer será excomungado da sociedade honesta. O padre é o nosso chandala – ele será proscrito, lhe deixaremos morrer de fome, jogá-lo-emos em qualquer espécie de deserto.
Artigo Sexto – A história “sagrada” será chamada pelo nome que merece: história maldita das palavras “Deus”, “salvador”, “redentor”, “santo” serão usadas como insultos, como alcunhas para criminosos.
Artigo Sétimo – O resto nasce a partir daqui."

Nietzsche, O Anticristo.
Sobre como se cria uma universidade revolucionária a nível mundial, como o conservadorismo tentou a todo custo conservar o status quo excludente matando-a à porrada com seus garotos de recado militares, e como ela sobreviveu e tornou-se uma das melhores universidades do país http://www.unb.br/sobre/principais_capitulos
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